domingo, 8 de fevereiro de 2009

A INCOERÊNCIA DE BERLUSCONI

A Agência do Estado, referência nacional em notícias, publicou na última sexta-feira uma nota que me deixou intrigado. Repito, com certo pesar é claro, as informações contidas na reportagem que tive o desprezo de ler:

“O governo conservador italiano publicou nesta sexta-feira um decreto emergencial para impedir que uma mulher mantida em estado vegetativo há 17 anos tenha desconectados os tubos que a mantêm sendo alimentada artificialmente. O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, anunciou que o decreto assinado hoje declara que a alimentação e a hidratação artificiais de pacientes cuja sobrevivência dependa disso ‘não podem ser suspensas sob nenhuma circunstância’”.

Publico, nesta postagem, meu desprezo sobre o pronunciamento do primeiro ministro italiano que, por consequencia de sua falta de critérios, acha que pode intervir na vida alheia, de forma que, na piada que corre o mundo, um pai não tem o direito de decidir o que é importante para sua filha.

O caso, que é constrangedor, começou em 1992, quando Eluana Englaro, após sofrer um grave acidente, entrou em coma. Englaro está na mesma situação há 17 anos, o que nos remete à consciência moral de que um pai pode e deve tomar as decisões que culminarão em um bem-estar geral, a saber: a) o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, pensa tomar uma atitude “ética” ao impetrar um veto à decisão de um pai, no entanto, sua demagogia é fortemente ofuscada quando seu passado é colocado à tona, uma vez que o imperador ditatorial já tirou dezenas de vidas; b) qual a diferença entre estar em coma há 17 anos e repousar eternamente? Este caso é semelhante ao da polêmica gerada no Brasil, onde ocorrem sucessivos debates sobre o natimorto cerebral, isto é, um ser que não dotado de massa encefálica, ou seja, muitos debates e poucas soluções; c) se nos dias atuais, um pai não pode decidir o rumo que sua filha tomará - claro que o pensamento precisa ser relativizado -, então o conceito de democracia está embaralhado com os tempos de chumbo que, não obstante as sucessivas repressões, permanece estagnado nos alicerces italianos.